World of Concrete 2020 confirma o status de maior do mundo para o setor de concreto
O maior evento sobre concreto do mundo a World of Concrete completou 45 edições nesse ano, com a presença de 54 mil profissionais do setor em Las Vegas e 1.310 companhias
A World of Concrete (WOC) faz jus ao seu nome como “um mundo de concreto” ao reunir a comunidade concreteira dos Estados Unidos e de vários países.
A edição 2020 trouxe, por exemplo, 225 novas companhias para o evento. No total, foram 1.310 empresas e cerca de 54 mil profissionais circulando na primeira semana de fevereiro.
De acordo com a organização do evento, foi a maior ocupação de espaço (77% da parte interna do Las Vegas Convention Center) dos últimos anos. É interessante lembrar que se trata da única feira anual do setor.
Nessa edição concentrada e especialmente desenhada para o Agregados Online trazemos algumas das novidades, inclusive uma avaliação do impacto das novas eleições sobre o consumo de cimento e concreto nos Estados Unidos.
Parece local, mas podemos pensar e repensar o cenário brasileiro com esses dados e com informações sobre tecnologias – um aspecto forte da World of Concrete WOC.
A ideia é que desenvolvamos os temas sobre tendências ao longo do ano aqui também no Agregados Online. Acompanhe!
Avaliação da PCA diz que mercado de infraestrutura crescerá nos EUA, independente da reeleição ou não de Trump
Os investimentos em infraestrutura devem aumentar nos Estados Unidos nos próximos anos, independente da agenda de quem vencer as próximas eleições que acontecem em novembro. Essa é a avaliação de Ed Sullivan, economista chefe da PCA, a associação que congrega os fabricantes de cimento norte-americanos. A ligação entre cimento e infraestrutura é óbvia, considerando que o insumo é uma das principais matérias primas da produção de concreto. A apresentação de Sullivan aconteceu na semana passada, em Las Vegas, durante a edição 2020 do World of Concrete (WOC).
Por mais que seja focada nos Estados Unidos, a análise da PCA é interessante para entender os fatores que influenciam o consumo de cimento, inclusive o investimento público. De acordo com Sullivan, o principal aporte público americano entre 2014 e 2018 foi feito na construção de estradas e rodovias de alto tráfego. Só essa área representou 28% dos gastos. Para o período de 2019 a 2024, o economista avalia que o percentual sobe para 31%, o que deve ser uma perspectiva ótima para os produtores de agregados dos Estados Unidos. Nota: o economista é apontado como um dos analistas com mais precisão em suas avaliações.
Investimento público em rodovias deve aumentar entre 2019-24
A média de investimento público norte-americano no setor residencial continua nos 28% dos últimos anos, mas o aporte em prédios cai de 23% para 19%, indicando ser a área que mais se retrairá. Sullivan aponta ainda o potencial de um novo programa “significante” com a integração de fundos privados em investimentos de infraestrutura nos Estados Unidos. A avaliação vale para quem vencer as eleições, seja Trump ou não.
A PCA também avalia o consumo de cimento a curto prazo, de olho nos mercados que o consomem. A curva acompanha a tendência do setor de construção. No ano passado, o volume comercializado estava no patamar dos 100 milhões de toneladas métricas, devendo saltar para 120 milhões de toneladas métricas nesse ano e cair para o nível de 70 milhões de toneladas métricas em 2021. Em 2022, a tendência de crescimento seria retomada, com a volta do patamar de 100 milhões em 2024.
Regionalmente, o maior crescimento deve acontecer nas regiões sul e ocidental do país, que atrai uma população relacionada a atividades de alta tecnologia e também aposentados. São mercados dinâmicos do ponto de vista de emprego e onde há crescimento da população. Já a região noroeste e dos Grandes Lagos têm uma demografia mais envelhecida e poucos hubs industrializados. Há uma deterioração do volume populacional, o que influi no consumo de cimento. As demais regiões ficam na média.
Empresa neozelandesa emite “certidão de nascimento” do concreto usando IoT
A Coretex é uma empresa da Nova Zelândia com operações na vizinha Austrália, mas durante esta semana o foco da companhia é o mercado norte-americano. Ela tem um estande discreto, numa área mais high tech do World of Concrete e um histórico interessante: as suas soluções de gerenciamento de frota são adotadas em 50 mil veículos do mercado de construção, incluindo betoneiras e caminhões de transporte de agregados. O número total da frota que adota algum recurso da companhia é 70 mil, o que explica o interesse no setor da construção.
De acordo com Chet McHenry, diretor da área de vendas corporativas para os Estados Unidos e Canadá, a solução integrada de internet das coisas (IoT) tem a capacidade de emitir uma espécie de certidão de nascimento do concreto. Explicando: os sensores sem fio instalados nas betoneiras conseguem coletar dados como a rotação da betoneira e a água adicionada ao longo do transporte e no local de aplicação do concreto. O papel da solução CoreHub é integrar todas as informações e oferece-las de forma amigável num dashboard para os usuários.
O CoreHub nasceu da expertise da Coretex, que tem uma plataforma baseada na nuvem, para onde migram os dados coletados pelos sensores do Corehub. Os dispositivos são ativados, segundo McHenry, de forma fácil, praticamente plug and play, na betoneira e usam as redes sem fio de telefonia móvel para transmitir os dados para a nuvem. As funcionalidades de GPS também alimentam a plataforma 360 da Coretex, permitindo a criação de dados de business intelligence (BI) do negócio.
Segundo McHeny, é possível ativar outros sensores, captando outros tipos de dados. É o caso da combinação de inputs sobre umidade, temperatura e indicações de georreferência, o que pode facilitar a entrega mais segura do concreto. A otimização de rotas, por outro lado, permite o uso mais racional do material e sua reciclagem, se for o caso. Lembrando que além do mercado de concreteiras, a solução como um todo pode ser aplicada em outras cadeias da construção civil, caso dos produtores de agregados.
Equipamentos inteligentes fazem a diferença na aplicação do concreto
Como vitrine para os fabricantes, a WOC 2020 traz várias inovações em equipamentos usados em diversas fases da mistura à aplicação do concreto. É o caso da bomba ToughTek, da Graco, que pode ser alimentada mais próxima dos paletes de materiais, evitando que os profissionais se desloquem sem necessidade.
Outro equipamento com a mesma pegada de reduzir esforços desnecessários é o vibrador movido a bateria da Wacker Neuson. Diferentemente de vibradores movidos a gasolina, ele não expõe o operador a calor e aos gases de combustão. A inovação não termina com a forma de alimentação de energia. O dispositivo é usado como se fosse uma mochila. Isso mesmo, ele é acoplado nas costas do operador. O vibrador sem fio é indicado principalmente para a consolidação da espessura de lajes internas.
O carrinho da Specialty Products Inc (SPI) é um coadjuvante que facilita a movimentação da equipe principal de concretagem em campo. Como? Autopropelido e movido a energia, ele carrega vários dispositivos usados na operação, como geradores e tanques recarregáveis. O gerador compacto da Makinex opera com a mesma filosofia e é considerado o menor com dual fase (23 kW, 480 volts) disponível no mercado norte-americano.
A pavimentadora da Allen Engineering Corp está em outro nível dimensional em relação aos dispositivos anteriores, mas é mais leve do que os equipamentos de sua categoria.
Ela foi desenvolvida para operações versáteis, como a pavimentação de superfícies de decks de pontes e de ferrovias, ou mesmo lajes para piso. Ela é indicada para aplicação em áreas restritas e apertadas.
Concreto high tech não se restringe à mistura de cimento, agregados e aditivo
O que se espera da maior feira de tecnologia de concreto é inovação nos ingredientes básicos como agregados, cimento e aditivos. Isso existe, é claro, mas as mudanças vão além e incluem uma série de recursos de TI e Telecom.
É o caso da plataforma, a WorkMax, da AboutTime. Ele permite a visibilidade em tempo real de onde estão os funcionários, o que estão fazendo e que tipos de equipamentos utilizam.
A integração de pessoas + aditivos leva a um gerenciamento centralizado num único aplicativo. Outra vantagem é a integração dos dados com áreas tão diversas como o RH – que ganha um apontamento completo – até os profissionais responsáveis pelo monitoramento de ativos.
Outro tipo de colaboração pode ser alcançado com a Connex, plataforma da Command Alkon, que mira no aumento da eficiência do setor adicionando mais integração e processo de tomada de decisão. A plataforma reúne todos que participa ativamente da cadeia de suprimentos, permitindo que eles compartilhem dados, inclusive de dispositivos de internet das coisas (IoT).
O IoT, aliás, está presente na instalação de lajes de concreto, com a inclusão de sensores para medição remota do estado desse tipo de obra. Eles coletam informações em intervalos de tempo pré-determinados e estocam os dados para análise dos especialistas. O sistema inova em testes de umidade de concreto, ao avaliar parâmetros de temperatura, e foi desenvolvido pela Wagner Meters.
A tecnologia de escaneamento também ganha terreno com recursos que podem avaliar o concreto inclusive antes de ele ser aplicado. De novo estamos falando de pessoas e inovação. Neste caso, a aplicação é a tecnologia de escaneamento da Topcon, o GLS-2000, com o software Navisworks. A ideia é saber do estado da obra bem antes de que o concreto esteja curado, evitando prejuízos com os reparos patológicos.
Por: Nelson Valêncio – INFRAROI
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