Alguns tipos de telas de classificação para peneiras vibratórias

Foto: Haver&Boecker – telas com gancho
Alguns tipos de telas de classificação para peneiras vibratórias
Nas edições anteriores, trouxemos algumas informações com relação às peneiras vibratórias, que podem ser úteis para todos que estão envolvidos no setor de agregados, tentando facilitar o dia a dia de trabalho na planta de britagem com relação a esses equipamentos.
Relembramos que o setor de agregados está cada vez mais exigido com relação à qualidade de seus produtos, e para tanto, busca trabalhar nas melhores condições possíveis, atendendo a vários quesitos, como alta performance, segurança operacional, versatilidade, baixo consumo energético, além de atenção constante para mitigar impactos ambientais, e que por vezes, informações técnicas simples podem ajudar nesse sentido.
Lembramos também que as peneiras vibratórias são desenvolvidas normalmente para determinado uso e para isso são desenhadas com certas características. Isso permite alguns ajustes, mas geralmente não uma mudança drástica de função.
Nestes artigos da série anterior, falamos então, de alguns dos diferentes sistemas de acionamento utilizados nas peneiras vibratórias que permitem diferentes movimentos, terminando com uma comparação de características e utilização entre eles.
Além do tipo de movimento vibratório, os projetos das peneiras levam em conta uma série de fatores para obter a classificação com a qualidade desejada, como, algumas características do material, densidade, curva granulométrica, etc… e o tipo de tela que será usada, por exemplo. A tela escolhida, é parte importante do cálculo da peneira e, portanto, nossa nova série será sobre alguns tipos de telas utilizadas em peneiras vibratórias.
Novamente, como na série anterior, o intuito não é entrar tão profundamente no assunto, mas levantar algumas informações e questões que possam ajudar a entender as características dessas telas, possíveis utilizações e limitações.
Então, nestes próximos artigos, vamos falar de algumas das principais telas de classificação, começando pelas telas metálicas e abordando outros tipos de na sequência, como de borracha, poliuretano, híbridas ou mistas e Auto-limpantes, e terminando com uma comparação de características e utilização entre elas, quando for possível, para posterior abordagem também de alguns sistemas de fixação.
Quando falamos, no início da série dos sistemas de acionamento, sobre vibração e fizemos a pergunta, por que vibrar? Dissemos que era para estratificar a camada de material, fazendo com que as partículas finas tenham maior possibilidade de exposição aos furos da tela, e, portanto, melhor eficiência de classificação ou separação dos materiais desejados, e mostramos as figuras abaixo:
Isso mostra também, a importância de trabalhar com a tela adequada no projeto da peneira vibratória, para obtenção dos resultados desejados.
Antes de falarmos especificamente sobre as telas metálicas, vamos mencionar alguns pontos gerais que são levados em conta na escolha das telas de classificação.
Um dos pontos importantes é a escolha do padrão geométrico, ou seja, o formato dos furos, para controle do tamanho, como alguns exemplos nas figuras abaixo:
As vezes o formato dos furos pode ser importante também para outras necessidades além da classificação em si, por exemplo:
A escolha padrão é o formato quadrado.
Numa classificação de material mais grosso, para melhorar a vida útil da tela, pode ser utilizado o formato circular.
Se quisermos aumentar a capacidade, podemos usar um formato retangular alinhado com o fluxo de material.
O inconveniente dessa solução é se o material tiver formato lamelar e o processo posterior à classificação não permitir esse tipo de produto, pois a incidência de partículas lamelares será maior.
Se for necessária maior precisão de classificação com boa capacidade ou a utilização em uma peneira desaguadora, pode ser usado o formato retangular, mas colocado perpendicularmente ao fluxo de material.
Telas Metálicas
Já iniciando a falar das telas metálicas, vamos falar de outros pontos que devem ser levados em conta na escolha das telas de classificação.
Além do formato, é importante verificar o percentual de área aberta, ou seja, área de passagem de material da tela.
Uma tela com a mesma abertura e o mesmo formato, pode ter área aberta diferente em função da espessura dos fios (se for metálica) ou do material de que é composta, poliuretano ou borracha, por exemplo.
Falando da tela metálica como exemplo, se tivermos a mesma abertura, mas o fio que forma a tela de diâmetro diferente, teremos para o mesmo tamanho de tela, áreas abertas diferentes. Vejam exemplo na figura abaixo.
Quanto maior o diâmetro do fio, menor a área aberta para a mesma abertura, no caso 4mm. Isso influi na capacidade de classificação e na durabilidade da tela que são inversamente proporcionais, ou seja, quanto maior o diâmetro do fio (menor área aberta), maior durabilidade (vida útil) e menor capacidade de peneiramento. E importante encontrar o equilíbrio entre a durabilidade da tela e a classificação desejada.
Na tabela abaixo, que mostra apenas uma parte das aberturas disponíveis como exemplo, é possível ver claramente a diminuição da área aberta para a mesma abertura de tela, dependendo do diâmetro do fio que é fabricada. No caso desse fabricante, o aumento do diâmetro do fio é dividido por tipo de aplicação de Leve a Pesada.
Se usarmos a última linha da tabela como referência (5,56mm de abertura de tela), vemos que a área aberta (ou livre) diminui de 49% para 36%, para a mesma abertura “malha”, em função dos extremos de diâmetros de fio (de 2,40 a 3,70mm) utilizados por esse fabricante.
Obs: Levar em consideração somente as informações dos fabricantes com relação à área aberta da tela, não garante que essa será a área aberta efetiva quando instalada na peneira.
Numa tomada de decisão com relação à troca de tipo de tela ou mesmo no cálculo da peneira, é importante verificar a área aberta efetiva da tela instalada na peneira, ou seja, a área que realmente permite a passagem de produto após a montagem no equipamento.
Na montagem da tela na peneira, temos diferentes componentes, como travessas, longarinas com borrachas para apoio da própria tela e peças como esticadores, entre outros itens, por exemplo, que tampam alguns furos da tela fazendo com que a área de peneiramento diminua.
Nas fotos a seguir podemos ver melhor as áreas que impedem a passagem de produto quando instaladas na peneira.

Foto original

Foto realçando as áreas bloqueadas
Isso mostra claramente a quantidade de área de passagem de produto que pode ser perdida dependendo da construção da peneira onde a tela é montada.
Por isso a importância de ter certeza da área efetiva para tomada de decisões adequadas.
Outra informação importante é entender a diferença entre abertura da tela e corte.
Essa diferença varia de acordo com vários fatores. Alguns da própria tela, como tipo de material e espessura, e outros da peneira onde será instalada, como inclinação e amplitude de vibração, por exemplo.
Basicamente, essa é a diferença entre a abertura da tela e a sua projeção no eixo horizontal que determina a real abertura de passagem do material pelos orifícios da tela.
Se a tela fosse colocada na horizontal, ou seja, sem nenhuma inclinação, e estática (sem vibração) a abertura da tela e o corte seriam os mesmos. Mas como podemos ver na figura abaixo, quando temos uma inclinação (ângulo formado entre a tela e a horizontal), a projeção da abertura na horizontal é menor. Como o material a ser classificado sofre a ação da gravidade e tentará passar pelo furo verticalmente, esse será o corte feito para esse tamanho de tela instalada.
Essa diferença é normalmente levantada de forma empírica de acordo com as experiências adquiridas em diferentes aplicações e, portanto, varia muito a recomendação entre os fabricantes de tela e de peneiras.
No caso de telas metálicas temos números que podem variar entre 5 e 12,5%, ou até mais, de abertura da tela maior do que a necessidade de corte.
Sugerimos sempre consultar o fornecedor de sua confiança para determinar a abertura mais adequada da tela para a sua necessidade de classificação.
O importante é saber que essa diferença existe e tomar o cuidado na hora da compra em deixar claro do que se está falando, abertura ou corte.
Essa diferença é ainda maior quando as telas de classificação são de poliuretano ou borracha, mas isso traremos nas próximas matérias.
No setor de agregados, a tela metálica ainda é o meio de peneiramento mais utilizado e atende à maioria das aplicações. Quando bem especificada e produzida com aço de boa qualidade, oferece o um bom custo benefício e eficiência satisfatória para a separação desejada.
Isso se deve a vários fatores, entre eles a área aberta maior quando comparada com outros tipos de telas.
Existem várias configurações de construção da tela, mas uma das mais comuns é a construção de forma “transada”, como podemos ver nas fotos abaixo de uma tela simples com formato quadrado.
As várias configurações de construção dependem de uma série de fatores, como necessidade de classificação, características do produto, diâmetro do fio, área aberta, entre outros.
Muitas dessas telas de classificação têm fixação e esticamento (tensionamento) por ganchos (Fotos 1 e 2), e devido ao tamanho delas, geralmente fornecidas em “painéis”, e o material utilizado na sua construção, são normalmente muito pesadas, dificultando a troca quando necessária. A substituição desses painéis de telas metálicas pode requerer muito tempo de trabalho e a utilização de duas ou mais pessoas treinadas para executar esta tarefa.
Podemos ver alguns exemplos nas fotos 1, 2 e 3.

Foto 1

Foto 2

Foto 3
Existem diversos tipos de ganchos, mas abordaremos isso em matéria futura quando falaremos dos diversos tipos de fixação de telas.
É importante um cuidado especial para garantir o tensionamento correto das telas de classificação para que elas trabalhem solidárias, ou seja, em conjunto com peneira vibratória, pois se houver um afrouxamento e a tela começar a golpear a estrutura da peneira em algum ponto, pode se romper praticamente nova e prejudicar a produtividade pois será necessária uma manutenção não programada e um custo adicional não previsto.
Na figura abaixo podemos ver que o tensionamento gera uma pressão da tela contra a peneira e com isso garante o trabalho em conjunto com o equipamento evitando danos prematuros.
Para que essa pressão seja efetiva, tanto o projeto da peneira como a manutenção dos pontos de apoio da mesma devem garantir o formato correto possibilitando o contato ideal entre a tela e a estrutura da peneira.
Esse tensionamento, pode ser lateral, com mostra a figura acima, ou longitudinal, dependendo da aplicação ou configuração necessária. As imagens abaixo deixam isso mais claro.

Tensionamento lateral

Tensionamento longitudinal
A seta indica o fluxo de material sobre a tela, que nesse caso, pela forma retangular pode ser montada com posicionamento diferente em função da necessidade, como maior capacidade ou maior precisão de classificação, como comentado anteriormente.
Para cada uma dessas soluções o desenho de peneira é diferente para garantir o tensionamento correto.
Sugerimos usar as recomendações dos fabricantes em relação ao aperto e reaperto dos parafusos de esticamento para manter a condição operacional adequada.
Com o avanço na utilização de outros materiais é possível minimizar este trabalho, usando tela metálica modular, que usa o mesmo conceito das telas de borracha (tema que será abordado em matéria posterior), com o uso de poliuretano por exemplo, para finalizar o módulo (Fotos 4 e 5), facilitando a troca, que inclusive pode ser parcial, sendo que uma pessoa pode fazê-lo em menor tempo.

Foto 4

Foto 5
Abaixo podemos ver mais alguns tipos diferentes de telas metálicas:
Algumas características da tela metálica:
- Fixação e esticamento por meio de ganchos (na maioria das vezes);
- Possibilidade de construção modular;
- Possibilidade de vários tipos de montagem;
- Grande área aberta (dependendo do diâmetro do fio);
- Desgaste à abrasão acentuado;
- Nível de ruído alto;
- Maior utilização para cortes entre 4 e 150 mm;
- Mais versátil quando construída em módulos.
Como pudemos ver nesse artigo a escolha adequada das telas de classificação é importante para a classificação que se deseja, pois vários fatores podem alterar as condições de trabalho, entre eles material de construção, área aberta, inclinação da peneira e material a ser classificado, entre outros.
Importante: Como o cálculo da peneira usada geralmente leva em conta a área aberta da tela utilizada, por exemplo, para garantir a capacidade de classificação dentro da qualidade desejada, sugerimos sempre consultar o fornecedor de sua confiança, tanto de telas como de peneiras, antes de qualquer modificação, pois essas modificações requerem cuidado para que se consigam as condições de trabalho adequadas.
Fontes: Imagens e publicações de trabalhos das empresas Haver & Boecker, Ideal, Metso, Schenck Process, Weir, além de artigos disponíveis na internet.
* Carlos Trubbianelli é Engenheiro Mecânico e Técnico Eletromecânico com mais de 30 anos de experiência no setor de bens de capital, conhecendo diferentes equipamentos e mercados. Possui destacada atuação na área comercial nos setores de Mineração, Fertilizantes, Siderurgia, Cimento, Química e Alimentos, ocupando posições de liderança e consolidando-se como especialista na abertura de novos mercados e implantação de novas tecnologias. Com participação ativa na ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, por mais de 25 anos e hoje Vice-Presidente da Câmara Setorial de Cimento e Mineração; Diretor Conselheiro e membro do Conselho de Mineração e Metalurgia e do Conselho de Eólica e do Conselho de Competitividade. Ministra cursos, treinamentos, palestras e seminários nacionais e internacionais nos mais diversos níveis e mercados para indústrias, comércio e instituições, pela Camatru Consultoria e Treinamentos.
Colunista da revista Agregados Online, além de publicações de matérias em várias revistas de diferentes setores.
Autor do livro “Como Vender Mais e Melhor“, da Editora Letramento.