Responsabilidade socioambiental é pauta em franca ascensão na mineração de agregados
Empresas do setor investem, cada vez mais, em ações voltadas ao campo socioambiental para minimizar os impactos das atividades
Não é de hoje que o conceito de sustentabilidade tem ganhado força em diversos setores da economia. Muitas empresas de outros segmentos da economia já adotam firmemente o conceito de responsabilidade socioambiental em suas operações, agora é a vez da indústria de agregados demonstrar que também é atuante nesta área, principalmente na mineração, onde nasce todo o processo.
Por conta das infelizes tragédias de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, onde mesmo sendo outra realidade de segmento/produto, mas que aos olhos do cidadão comum, que não sabe distinguir isso, tudo relacionado à mineração poderá ainda ser motivo de, no mínimo, desconfiança, os produtores de agregados, cada vez mais estão imbuídos da necessidade de ações mais efetivas e responsáveis no campo socioambiental em relação às comunidades do entorno de suas operações, por isso, a necessidade de encontrar alternativas para minimizar os impactos ambientais e sociais causados pela extração mineral.
Soluções viáveis desde a implantação de novas tecnologias para a otimização, controle e automação de operações; passando pelo desenvolvimento de processos alternativos de deposição de rejeitos para evitar o uso das barragens; até a utilização de energias renováveis como a eólica, a solar e a biomassa, entre outras, estão em plena discussão e implantação em grandes empresas do setor de agregados, confira aqui algumas dessas iniciativas sustentáveis.
Engajada em superar os desafios de forma sustentável, a Votorantim Cimentos tem a meta de reduzir suas emissões de CO² em 25%, atingindo níveis equivalentes aos registrados em 1990. Para isso, a empresa estabeleceu metas em diversas áreas, com quatro diretrizes estratégicas: segurança, ética e compliance, ecoeficiência e inovação, além do engajamento com as comunidades.
Inclusive, a Votorantim se destaca como pioneira no uso de combustíveis alternativos no Brasil desde 1991, quando utilizou um pneu para substituir o coque de petróleo como combustível nos fornos de fabricação de cimento. Desde então, a empresa investe em pesquisas de novos materiais recicláveis para o processo de coprocessamento. Vale lembrar que a empresa atua no mercado brasileiro com 14 fábricas que realizam o coprocessamento ou possuem licença para operar com combustíveis alternativos.

Fábio Cirilo
“Em 2018, consumimos 854 mil toneladas de biomassas, pneus e resíduos, o que significa uma redução de 521 mil toneladas de emissões de CO2. Com a substituição energética, foi evitado o consumo de 195 mil toneladas de coque de petróleo e um índice de substituição térmica de cerca de 25% no Brasil”, conta Fábio Cirilo, Coordenador de Sustentabilidade companhia.
Segundo ele, uma das prioridades atuais é diminuir progressivamente o uso de clínquer no cimento produzido pela empresa. “A produção desse componente responde por 90% da energia que consumimos e por 90% das nossas emissões”, afirma o executivo.

Priscila Alvarenga
Priscila Alvarenga, Gerente de Transformação Social da empresa, enfatiza que, atualmente, a Votorantim possui projetos que atuam em todos os eixos da sustentabilidade. “Nossa atuação social tem sido direcionada no desenvolvimento local, no engajamento comunitário, além de aumentar a sinergia da cadeia produtiva. Em 2018, mais de seis mil pessoas foram beneficiadas com nossos projetos de transformação social no Brasil”, diz.
Entre as diversas iniciativas adotadas pela empresa, Priscila destaca:
Conexão com o Negócio: são projetos que beneficiam comunidades e geram valor compartilhado. Como exemplo, há o incentivo à produção de babaçu, planta usada como combustível para fornos de cimento. Além de reduzir a emissão de CO², a ação também gera renda para as famílias através da produção de óleo, bem como a fabricação e comercialização de biojoias (joias produzidas com sementes, castanhas e derivados de arvores nativas que tem manejo sustentável);

Programa de voluntariado para pequenas reformas nas comunidades atendidas pela Votorantim
Voluntariado: tem como objetivo engajar empregados para uma atuação social e cidadã, trazendo diversos benefícios para as empresas, para os colaboradores e para a comunidade em geral. Em 2018, 1.841 voluntários participaram de quase 3 mil ações voltadas a diversas comunidades;
Conselhos Comunitários: iniciativa que cria espaços de interação e engajamento permanentes com as comunidades e une suas lideranças e formadores de opinião para buscar soluções para questões locais;
Votorantim de Portas Abertas: tem o objetivo de aproximar a comunidade ao levar alunos de escolas municipais para conhecerem as instalações, processo produtivo de fabricação de cimento e tiraram dúvidas sobre o funcionamento da unidade de produção, além disso, a visita contribuiu para consolidar a parceria na realização de atividades em prol do meio ambiente e conscientizar as novas gerações sobre a importância disto.

Responsabilidade socioambiental – Mobilização Social do PVE em Trindade-PE – Foto Revista Amazônia
Parceria pela Valorização da Educação (PVE): tem como objetivo de contribuir de forma estruturada para a melhoria da educação. O programa está presente em mais de 100 municípios brasileiros, dos quais 24 são apoiados pelas Secretarias Municipais de Educação das cidades em que a Votorantim Cimentos atua.
LafargeHolcim dá exemplo de sustentabilidade ao adotar combustíveis alternativos
A LafargeHolcim, multinacional que oferece soluções em cimento, argamassa, concreto, agregados e coprocessamento de resíduos, também tem como compromisso o desenvolvimento sustentável de seus negócios.

Bruno Hallak
“Nosso objetivo é ser líder em sustentabilidade, estabelecer novos padrões de desempenho e transformar a maneira como a indústria atua, incentivando toda a cadeia da construção civil a abordar os maiores problemas do nosso planeta”, comenta Bruno Hallak, gerente de Meio Ambiente da LafargeHolcim Brasil. Como líderes globais na indústria de materiais de construção, temos a oportunidade de fazer a diferença de forma positiva”, complementa.
Como exemplo, a multinacional se desta por utilizar 100% de combustíveis alternativos no processo de produção de cimento, em substituição aos combustíveis fósseis, como coque de petróleo e carvão mineral. De acordo com Hallak, a companhia utilizou biomassa e blend, mistura de resíduos industriais, como energia térmica para os fornos de clínquer, chegando ao alcance de 100% da substituição térmica em março de 2019.

Coprocessamento de resíduos na LafargeHolcim
“Quando o combustível fóssil é substituído por um alternativo, há basicamente três benefícios ambientais relacionados à redução da emissão de CO²: deixamos de usar um recurso mineral finito; evitamos a destinação dos resíduos industriais e urbanos em aterros, o que geraria também o gás metano (20 vezes pior que o CO² para o efeito estufa); e, a partir do ciclo renovável da biomassa, conseguimos zerar toda a emissão feita em sua queima, recapturando o carbono pelos vegetais”, acrescenta Hallak. A comparação feita por Hallak significa que uma unidade de metano equivale a 20 unidades de CO², causando mais impactos no meio ambiente.

Resíduos de borracha
Alinhado aos objetivos da companhia, a LafargeHolcim criou o “Plano 2030”, iniciativa que faz parte do conceito de economia circular adotado pela companhia. Entre as ações que integra o plano está um aporte de 80 milhões de toneladas/ano em recursos de resíduos em suas operações, seja na seja na substituição de combustíveis ou de matérias-primas. “Quadriplicar o volume de agregados reciclados de construção, bem como a demolição de resíduos e pavimentação de asfalto recuperada, também fazem parte de nossas ações”, complementa Hallak.
No que diz respeito ao retorno do investimento da empresa em ações sustentáveis, Hallak afirma que há duas métricas para mensuração. A primeira delas diz respeito ao retorno intangível, relacionado à imagem e à reputação da companhia, bem como o orgulho dos funcionários em fazer parte dessas iniciativas. Entre os retornos tangíveis, por sua vez, estão a economia de combustível, o tempo de vida útil das minas e a redução dos gastos com captação e tratamento de água.
Dentre os desafios e planos para o futuro, o executivo afirma que as próximas soluções empregadas pela LafargeHolcim, com foco em 2030, visarão: a redução de 30% da quantidade de água captada por tonelada de cimento produzida, a garantia de no mínimo 30% de diversidade de gênero na empresa, a intensificação dos esforços para conscientizar e prevenir o suborno e a corrupção, além de minimizar danos às pessoas.

Fachada do Instituto Embu de Sustentabilidade
Instituto Embu de Sustentabilidade ajuda a promover ações ambientais, educacionais e sociais
A responsabilidade socioambiental é parte da realidade da Embu S/A. A empresa busca a melhoria dos indicadores de sustentabilidade há muito tempo, o que vai desde a fase do planejamento, no qual há todo um esforço para melhorar questões como emissões atmosféricas, até a fase da operação, no qual diversos investimentos em engenharia e tecnologia diminuem o impacto ambiental da atividade.

Responsabilidade socioambiental – Programas de inclusão social desenvolvidos pelo Instituto Embu de Sustentabilidade
Além disso, a companhia fundou, há 10 anos, o Instituto Embu de Sustentabilidade (IES), entidade sem fins lucrativos, mantida pela Embu S/A, que desenvolve uma série de ações ambientais, educacionais e sociais. Reunindo iniciativas em prol da população, a missão do IES é participar da vida das comunidades que residem no entorno dos locais de atuação das pedreiras da empresa, promovendo e estimulando o desenvolvimento sustentável.

Marco Antonio de Souza Martins
“A atuação de responsabilidade socioambiental se dá por meio de atividades variadas, sempre ouvindo o que cada comunidade tem a dizer e a oferecer, buscando laços e maneiras de estar presente no cotidiano das pessoas. Assim, cada base onde o IES atua tem uma vocação diferente”, conta Marco Antônio de Souza Martins, Superintendente de Gestão Ambiental da Embu S/A. Ele explica que em Mogi das Cruzes (SP), por exemplo, as ações são mais voltadas para a questão ambiental. Já em Embu das Artes (SP), o Instituto promove atividades para crianças no contraturno escolar, com foco na inclusão digital.

Responsabilidade socioambiental – Aula de percussão para crianças no Instituto Embu de Sustentabilidade