Produção de remineralizadores requer equipamentos com alto padrão de eficiência
Britadores, peneiras e moinhos assumem papel fundamental na cominuição de rochas destinadas à produção de remineralizadores para o solo das lavouras
Não é de hoje que a necessidade de novos processos produtivos, associados ao uso racional do solo e de técnicas menos prejudiciais ao meio ambiente, tem permeado a produção mundial de alimentos. Foi nesse contexto que a rochagem, prática de recuperar a fertilidade de solos pobres através do uso de remineralizadores (pó de rocha), ganhou espaço. Incluídos na categoria de insumos agrícolas pela Lei 12.890/2013, os remineralizadores vêm representando uma alternativa aos tradicionais fertilizantes solúveis, devido à solubilidade mais baixa e ao efeito residual por vários ciclos de lavouras.
O processo, regulamentado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em 2016, também abriu uma nova frente para os produtores minerais. No entanto, para comercializar pó de brita, as empresas precisaram se adequar às exigências técnicas para garantir uma oferta segura e de qualidade.
Entre elas, destaca-se a necessidade de análises geoquímicas e mineralógicas que comprovem a eficiência de uso do produto a partir da checagem de percentuais mínimos da soma de bases (óxidos de cálcio, de magnésio e de potássio) e percentuais máximos de elementos potencialmente tóxicos e de sílica livre, além da indicação do pH, de abrasão e da granulometria. Após essa etapa, os fornecedores de remineralizadores de solos também devem validar a eficiência agronômica do produto por meio de instituições públicas de pesquisa, como a Embrapa, e entidades credenciadas pelo Mapa.
E como a produção dos remineralizadores é obtida a partir da cominuição, que é dividida em etapas de britagem e moagem, é inevitável que essa discussão passe também pela eficiência dos equipamentos utilizados no processo.
Entre as fabricantes de tecnologia que se destacam neste mercado está a Metso, uma das líderes mundiais nos setores de mineração e agregados.

Alfredo Maia Reggio
Consultado pela Agregados Online, Alfredo Maia Reggio, Chefe de Aplicação e Vendas da área de Agregados da multinacional finlandesa, explicou que entre as rochas mais indicadas para o processo de rochagem estão as fosfáticas. “Trata-se de uma rocha que possui elementos químicos que auxiliam no aumento da fertilidade do solo. Neste contexto, há inicialmente a preocupação de qualificá-las e quantificá-las segundo a composição de óxidos de cálcio, potássio e magnésio, bem como se há elementos tóxicos inseridos na rocha que possam prejudicar a cadeia produtiva das plantas”, diz.
O executivo conta que a Metso dispõe de todos os equipamentos necessários para os processos de britagem e moagem – o que vão desde aqueles mais tradicionais, como britadores de mandíbulas, cones e peneiras vibratórias, até peneiras de alta frequência para separação dos microfinos. As tecnologias estão aptas para atender aos diferentes tipos e características da rocha, como também ao tamanho inicial da pedra em que o cliente pretende iniciar o processo de produção do remineralizador.
“É sabido que as rochas fosfáticas, na sua grande maioria, possuem alta dureza e elementos de sílica na composição, o que traz um grande desgaste no processo tradicional de britagem e moagem. Pensando disso, a Metso desenvolveu a tecnologia de britadores de compressão de rolos, denominada de HPGR (High Pressure Grinding Roll). Além de minimizar o desgaste de partes metálicas, ela também reduz a energia elétrica gasta no processo”, complementa Reggio.

Britador HRC da Metso
A linha de HPGR da Metso, batizada de HRC, possui modelos exclusivos para o mercado de agregados, que vão de 200 a 1000 HP. Porém, os mais indicados pela fabricante para a produção de remineralizadores são os britadores de 200 a 300 HP, que possuem capacidade de produzir de 40 a 80 toneladas/hora de pó de brita pronto e normalizado.
“O HRC é um equipamento que promove baixíssimo custo operacional, pois apresenta desgaste de peças e consumo energético reduzidos se comparados a outros moinhos destinados a esta mesma aplicação. Ou seja, ele oferece um excelente custo benefício aos clientes por aumentar a lucratividade do produto final”, pontua o especialista da Metso, mencionando, ainda, que o britador HRC trabalha em conjunto com a peneira de alta frequência TY Hummer.

HRC-8 instalado na Britaminas
Vale dizer que todos os sistemas que a Metso comercializa são dimensionados de acordo com a necessidade de cada cliente. O objetivo? Proporcionar que, ao final de cada processo, o cliente obtenha um produto rentável, de alta qualidade e competitivo. Além disso, a companhia está sempre aprimorando seus produtos, afinal, a tecnologia de remineralização de solos evolui constantemente.
Prova disso é o lançamento mais recente da Metso nesta categoria, que diz respeito à mobilidade do sistema de moagem e peneiramento. A novidade permite que o usuário desloque o conjunto para próximo do estoque de algum material específico que queira transformar em produto remineralizador ou então para uso em outras áreas e pedreiras. Evita-se, assim, investimentos de mobilização da planta de moagem.
Britaminas entra no mercado de rochagem com tecnologia Metso
Avançando fortemente na oferta de equipamentos para a produção de remineralizadores, a Metso já soma alguns casos de sucesso interessantes nesta área, como o da pedreira Britaminas Fortaleza, do Mato Grosso. Conforme divulgado no site da fabricante, a Britaminas é a primeira planta de agregados brasileira totalmente focada na produção de remineralizadores para a agroindústria.
Isso significa que, diferentemente de outras plantas, ela não produz o pó de pedra para rochagem como um subproduto da brita para construção civil e sim como material principal. A iniciativa aconteceu para atender a demanda da agroindústria do Estado e inicialmente operava com um moinho de martelos como principal equipamento de produção. Hoje, a companhia adota a prensa de rolos HRC-8, da Metso, que triplicou a produção em relação ao equipamento anterior, mantendo potência de 200 HP.
Antes de conhecer o HRC-8, Abel Fortaleza Filho, diretor da Britaminas, acreditava que somente equipamentos tradicionais – como os moinhos de martelo – poderiam ser usados na produção de pó de pedra para a rochagem.
Além de descartar o moinho de martelo, de maior complexidade na operação e manutenção e energeticamente mais demandante, a escolha do HRC-8 reforçou a profissionalização da produção de remineralizadores. Agora, a unidade estabilizou a operação, com o fornecimento do remineralizador totalmente abaixo de 1 mm de granulometria e com um equipamento com menos desgaste de peças. “Estamos bastante satisfeitos porque o HRC 8 atende a granulometria que o produtor agrícola pede e que vai disponibilizar os minerais presentes no pó de rocha mais rapidamente no solo”, resumiu Abel Filho.
Com a linha de rochagem estabilizada, a pedreira pode atender os produtores de cana de açúcar, soja, milho, eucalipto e pastagem num raio de 200 km, mas já recebeu consultas para fornecer o pó de pedra até para Sinop, cidade do norte do Mato Grosso e fora do eixo inicialmente estabelecido pela companhia.
ICON e Furlan destacam suas soluções para rochagem
A ICON, que soma mais de 45 anos de experiência no fornecimento de tecnologia para o mercado industrial, e a Furlan, empresa especializada em equipamentos para mineração, também têm muito a contribuir com o setor de agregados quando assunto é rochagem.

Britador BRD 0808
A ICON, por exemplo, passou a investir fortemente na produção de equipamentos para beneficiamento de calcário, como corretivo de solo, e na avicultura, como complemento alimentar, desde 2014. Atualmente, a empresa conta com uma linha de produtos com 100% de nacionalização e cadastrados no BNDES para proporcionar a possibilidade de financiamento parcial ou integral às pedreiras.
Para o processo de remineralização do solo, quem rouba a cena são os britadores de impacto, de mandíbulas e de rolos da fabricante, bem como os moinhos de martelo – todos desenvolvidos com tecnologias alemã e austríaca e adaptados às necessidades do mercado brasileiro. Na britagem primária, a ICON recomenda a utilização de britadores de impacto, uma vez que eles apresentam como vantagem a fragmentação de pedras com formato “cubicular”, ideal para aumentar o rendimento no peneiramento.

Uracy João Rodrigues
“Já na britagem secundária, sugerimos o uso de rebritadores de impacto, de mandíbulas e de rolos dentados ou frisados. Porém, os britadores de rolo têm se sobressaído na britagem do calcário em razão do baixo custo de manutenção e de consumo de energia, além da possibilidade de operar na presença de umidade contida no minério”, explica Uracy João Rodrigues, Consultor Técnico da ICON. Para a fase de moagem final, por sua vez, a empresa desenvolve moinhos de martelos capazes de atender grandes capacidades de produção. Mais precisamente, de 50 a 60 toneladas por hora na malha 50 mesh. Esse tipo de moinho permite operar em dois sentidos (horário e anti-horário), o que faz aumentar a vida útil dos martelos e reduzir o número de paradas do equipamento.

Moinho de martelos para calcário
Na hora de dimensionar os sistemas, Rodrigues conta que a ICON realiza um pré-questionário técnico para levantar as necessidades de cada cliente e, posteriormente, envia um profissional até o local para tomar conhecimento das características do minério e de outras informações que possam influenciar no dimensionamento do equipamento.
“De posse dessas informações, elaboramos um pré-projeto para acompanhar a proposta técnica/comercial. É muito comum os clientes interagirem com sugestões de layout da planta de moagem nesta fase, uma vez que, em muitos casos, eles possuem outras instalações de britagem ou até mesmo equipamentos que possam ser reaproveitadas para o novo projeto”, diz.
Em termos de serviços de pós-vendas, a companhia oferece assistência técnica integral, com acompanhamento desde o momento do comissionamento. Quando solicitado, a ICON também disponibiliza um profissional para treinar os operadores da planta no que tange a operação e manutenção dos equipamentos. Um estoque de peças de reposição para entrega imediata completa a oferta da empresa.
A Furlan, por sua vez, conta com um portfólio completo para a produção de remineralizadores de solo. Para a moagem, a empresa fornece as linhas de britadores VSI, moinhos de bolas, moinhos a martelos e moinhos de rolos.

Douglas Toledo
Já para a seleção de materiais, a oferta fica por conta da peneira de alta frequência e do separador aerodinâmico. “Nossos equipamentos são dimensionados para quaisquer tipos de rochas e, em alguns casos, até para materiais já processados, a exemplo de escórias. As soluções se destacam pela fácil manutenção e rápida troca de componentes de desgaste, quando necessário. Outro diferencial é o atendimento de pós-vendas que nós colocamos à disposição dos clientes. Ele inclui assistência técnica 24 horas e peças para manutenção”, diz Douglas Toledo, Projetista de Desenvolvimento de Equipamentos da empresa.

Britados de impacto VSI125
O lançamento mais recente da Furlan neste nicho é a peneira de alta frequência com sistema de separação de finos a seco (13 a 0,6 mm), capaz de atingir até 98% de eficiência. O equipamento contempla troca rápida das telas de aço e motores elétricos com inversor de frequência individual para ajuste da amplitude e frequência. Além disso, ele é fornecido com estrutura metálica, passadiços, escadas e bicas de descarga inferior e frontais.