Plantas móveis de britagem: as grandes aliadas da reciclagem de RCD
Plantas móveis de britagem são essenciais na transformação do entulho em agregados reciclados, inclusive para o aproveitamento do material in loco, nos canteiros de obras
É fato conhecido que as construtoras e profissionais que possuem como meta a reciclagem de resíduos da construção e demolição (RCD) de suas obras, reduzem consideravelmente as chances de descartes irregulares, diminuem a compressão sobre os aterros e possibilitam a criação de novos materiais de construção. Esta prática, que vem ganhando um espaço cada vez maior no Brasil, tem demandado não somente mão de obra qualificada e logística organizada, como também maquinários seguros e eficientes. É neste cenário que as plantas móveis de britagem despontam como importantes aliadas neste trabalho.

Operação com planta móvel da R3CICLO
Também conhecidos como britadores de RCD, esses equipamentos operam de forma a reduzir o material a tamanhos possíveis para o uso em obras novas e, inclusive, no próprio canteiro. Em geral, as plantas móveis de britagem são formadas por uma moega de recepção dos resíduos, um britador para redução do tamanho das pedras e, opcionalmente, uma peneira de separação dos materiais britados e calibrados para uso no mercado.
Entre as pioneiras na fabricação e oferta deste tipo de plantas móveis de britagem está a Metso, que começou a operacionalizar tecnologias de britagem sobre esteiras em meados dos anos 80 por meio da linha Lokotrack. “Atualmente, cerca de 50% dos equipamentos Lokotrack vendidos por nós são destinados ao nicho de recuperação e aproveitamento de materiais da construção, sejam resíduos de casas, edifícios, estradas de rodagem, resíduos de industriais e outros”, explica Alfredo Reggio, do departamento de Vendas de Equipamentos e Peças para o mercado de agregados minerais da companhia.
O especialista conta que, ao lado de empresas parceiras, a Metso já fez parte do processamento de grandes demolições em São Paulo. Entre elas, ele cita a reciclagem e formação da base do terreno de um grande shopping da capital e a reciclagem dos prédios do Presídio Carandiru, que deram lugar a um parque. “Nosso foco é atuar nesta área com equipamentos móveis que consigam eliminar custos no processo, entre eles, de fretes e deslocamentos de materiais brutos pelas grandes cidades. A separação do material no local da obra pode ser uma das iniciativas para reaproveitamento do mesmo como parte da nova obra”, ressalta Reggio.
Refletindo o comprometimento com a qualidade e a avançada tecnologia de britagem, a Metso oferece uma gama completa de plantas móveis de britagem sobre esteiras com britadores primários, secundários e impactores, todos especialmente projetados para atender os aos desafios atuais de britagem das construtoras. Quando o assunto é capacidade produtiva, os britadores móveis da marca começam com cerca de 100 toneladas/hora e podem ir até quase 1 mil toneladas/hora.
Tecnologia para beneficiamento via úmida
Outra fabricante que também figura neste mercado é a CDE Global. A empresa oferece plantas compactas e modulares que são semimóveis para o beneficiamento via úmida de RCD. Este tipo de tecnologia permite a reciclagem de RCD de pior qualidade e maior contaminação, como madeira, plástico, papel, galhos, metal e argila, produzindo agregados reciclados de maior valor, que podem ser utilizados em aplicações diversas.

Planta semimóvel da CDE
Segundo Gustavo Brasil, Executivo de Desenvolvimento de Negócios da CDE, a companhia recicla anualmente cerca de 15 milhões de toneladas de RCD, por meio da instalação de 65 plantas, espalhadas em mais de oito países. “Nosso setor de reciclagem, o CDE Reco, está em constante crescimento a nível global devido ao aumento da necessidade de melhorar a qualidade do agregado reciclado, bem como uma preocupação cada vez maior nas grandes cidades de uma destinação reaproveitável para o material de demolição”, diz.
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Brasil ressalta que em muitos países da Europa, por exemplo, a destinação correta e o reaproveitamento dos resíduos são previstos em lei. Já na América Latina, esta preocupação começa a chegar agora nos grandes centros urbanos. “Já temos projetos em estudo para cidades como Santiago, no Chile, e Buenos Aires, na Argentina. Esperamos que o Brasil caminhe no mesmo sentido nos próximos anos”, complementa. Para atender a esta demanda, a CDE oferece plantas de 50 a 500 toneladas/hora, que podem ser dimensionadas de acordo com a necessidade do cliente.

Aplicação de planta móvel de britagem na reciclagem de RCD da R3CICLO
Os desafios da reciclagem in loco
Na perspectiva de quem recicla, ou seja, da empresa especializada na execução do serviço de processamento do entulho nos canteiros de obras, os entraves da reciclagem in loco passam por questões culturais, como a conscientização do mercado sobre os benefícios deste processo.

Hewerton Bartoli
Quem traz luz sobre este ponto é Hewerton Bartoli, que além de Presidente da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos de Construção Civil e Demolição (ABRECON), é sócio na R3CICLO, empresa focada na demolição, gestão e reciclagem de resíduos. “O grande problema é que o uso de material reciclado não é previsto nos projetos de obras públicas. A gente entende que parte das iniciativas acontecem de maneira local e não a nível nacional. Algumas cidades possuem leis e decretos, enquanto outras não”, diz o executivo.
É importante considerar, também, que este tipo de procedimento só é viável em grandes obras de infraestrutura ou demolição, onde existem grandes volumes de resíduo. “O desafio final é conciliar a geração do resíduo com o consumo do agregado na própria obra. Ou seja, a ideia é fazer com que a obra que gerou o resíduo consuma este material, o que nem sempre é possível”, complementa.
Atualmente, a R3CICLO conta com três plantas móveis de britagem compostas por britadores primários de mandíbula, de 20 a 40 toneladas, em sua frota, responsáveis por britar resíduos inertes de demolição (alvenaria e concreto) e de desmonte de rocha. Entre os materiais gerados pela empresa destacam-se o rachão e a brita corrida, utilizados principalmente em acesso de obras por empresas de terraplanagem e como base e sub-base em pavimentação asfáltica.
“Temos uma capacidade produtiva média de 20 a 30 mil m3/mês, mas, hoje, temos usado cerca de 20% a 30% desta capacidade em função da demanda do mercado”, finaliza Bertoli, destacando que este cenário deve melhorar no segundo semestre, cuja expectativa é maior para que o mercado volte a crescer.