O que a pandemia de COVID-19 tem a ensinar ao setor de usinas de reciclagem de entulho?
O que a pandemia de corona vírus tem a ensinar ao setor de resíduos da construção? Muita coisa. Sabemos que tudo será diferente, especialmente a gestão dos resíduos na ponta
Creio que seja a primeira pandemia desses últimos 100 anos no Brasil. O resultado é trágico para todos os setores e seguramente levará o país a uma crise severa nos próximos anos.
Esses tempos devem exigir esforços de toda a cadeia do setor de resíduos da construção, desde as caçambas de entulho até a construtora, geradora e usuária final do agregado reciclado.
As usinas de reciclagem de entulho nasceram para suprir uma demanda fruto da urbanização descontrolada, pois há muito tempo o lixo e o entulho são descartados em locais longe da vista e distante do centro urbano.
A reciclagem nasce em um momento em que não há mais espaço para o descarte do material, visto que o entulho é mais generoso que o resíduo sólido urbano e oferece riscos iminentes à população. Exatamente aí que os empreendimentos nascem.
Pela evidente característica inovadora num ambiente extremamente conservador e atrasado que é a construção, naturalmente os negócios demoram a deslanchar, levando anos e até décadas para se pagarem.
E aí que o negócio pega. As usinas são extremamente carentes de procedimentos e sofrem para se estabelecerem no mercado e conseguir o reconhecimento dos órgãos públicos e da construção.
Essa pecha em procedimentos e na profissionalização do negócio deve puxar as usinas para um patamar que até ontem não existia.
Obviamente os empresários estarão atentos aos riscos do negócio frente aos desafios impostos pela pandemia, porém, o setor deve se voltar à exposição dos colaboradores ao resíduo, que em grande parte vem de fontes desconhecidas e potencialmente contaminadas, especialmente em momentos de quarentena.
Não há, em sua grande maioria, procedimentos padronizados para a coleta, transporte e destinação de resíduos da construção. Não há normas, leis ou decreto estabelecendo procedimentos para a proteção ao trabalhador.
Aliás, faço aqui um registro importante para o setor de usinas de reciclagem, ATT e Aterros de Inertes, o primeiro manual para orientar os empreendedores de áreas de reciclagem e transportadores foi produzido pela Abrecon seguindo as recomendações das associações de reciclagem de RCD da Espanha, Estados Unidos e da OMS – Organização Mundial da Saúde.
Esse manual é o mais completo do setor e o primeiro da história do segmento a esmiuçar os procedimentos de remoção, transporte, destinação, reciclagem e até quarentena dos resíduos suspeitos. É uma aposta da Abrecon na evolução da mentalidade empresarial.
Pra piorar, não há muita margem para sofisticar os empreendimentos e o seu desenvolvimento esbarra na burocracia das prefeituras e na inoperância dos órgãos públicos, isso pra não citar os valores absurdamente baixos cobrados na locação das caçambas estacionárias e a omissão cultural da construção na questão.
Vamos reaprender e ensinar.
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