Conheça os principais métodos para reparos em correias transportadoras
Especialistas explicam que os reparos em correias transportadoras devem ser cuidadosamente avaliados, levando-se em consideração a criticidade da operação e, principalmente, a proporção da área afetada
O deslocamento de materiais em um fluxo contínuo, com proteção e confiança, tende a ser comprometido em decorrência de algum dano na correia transportadora. Quando esse problema não é resolvido imediatamente, ele pode evoluir para um caso mais grave, que pode levar à necessidade de substituição de um trecho danificado ou até mesmo da correia como um todo. É aí que entra, então, a importância do serviço de reparos em correias transportadoras.
As possibilidades de reparação em correias são inúmeras. Portanto, nada mais prudente do que avaliar a situação cuidadosamente antes de qualquer decisão, levando em conta a criticidade da operação e a proporção da área afetada (o que pode ir desde um furo superficial até rasgos de grandes extensões). É preciso considerar, também, as especificações da correia, principalmente a cobertura dela, na tentativa de identificar qual o procedimento mais indicado, bem como o tempo e o acesso disponíveis para a manutenção e o custo do reparo.
Para considerar todos esses pormenores, é imprescindível, conhecer a fundo os tipos de reparos mais utilizados no mercado, bem como os prós e contras deles. Por isso, listaremos os principais a seguir.
Reparo a quente
Um dos tipos de reparos em correias transportadoras mais conhecidos é a vulcanização a quente. Basicamente, o procedimento consiste na reposição dos componentes do equipamento (borracha de ligação e cobertura) ainda crus, expostos à temperatura e pressão específicas por um determinado tempo – o que pode variar de acordo com o tipo do composto da borracha e a espessura dela.

Álvaro Vinicius
Álvaro Vinicius, Sócio Diretor da AVGS, explica que o método a quente é mais indicado para reparos em correias transportadoras que se submetem a elevadas temperaturas – situação na qual o reparo realizado a frio, por exemplo, não funcionaria.
Nessa modalidade, o conserto é feito de maneira escalonada, ou seja, passando pelos diversos degraus das lonas que compõem a correia. “A vantagem é que, ao final do reparo, o cliente terá uma correia mais próxima da característica original”, diz.
É preciso destacar também que se trata de um processo que demanda tempo na preparação e equipamentos auxiliares, como caminhões munck para transporte e movimentação da prensa para emendas de correias em campo.

Prensa de vulcanização – Foto: Soluções Industriais (site)
Para o revestimento de tambores, por exemplo, exige-se a retirada do tambor e envio ao fornecedor, pois o conserto é realizado em autoclave. Em resumo, o reparo a quente exige equipamentos e gasto de energia elétrica para aquecer os reparos e realizar a vulcanização. No entanto, apesar de ser mais caros e demorado, é extremamente resistente.

Arnaldo Magalhães
Segundo Arnaldo Magalhães, Gerente Comercial da Beltmix, o processo de vulcanização a quente é um trabalho que requer cuidados e precisão no desenvolvimento, sendo que o primeiro passo é demarcar o campo de vulcanização, executar o escalonamento, lixar e limpar a região retirando os restos de resíduos e, por fim, preparar borracha para sobreposição.
“Depois, é aplicada a primeira demão de adesivo vulcanizante, já catalisado sobre a área do campo de vulcanização e, somente após a secagem total, é aplicada a segunda demão. Por último, aplica-se borracha sob a área do reparo e executam-se os acabamentos finais retirando todo e qualquer excesso de borracha”, diz.

Algumas ferramentas na preparação do reparo a frio na correia – Foto: JW Engenharia (site)
Reparo a frio
Considerado mais simples, o reparo a frio se diferencia da opção a quente por utilizar cola e catalisador em substituição à vulcanização. Mais precisamente, a reparação ocorre pela secagem da cola com catalisador sobre uma superfície previamente limpa e com rugosidade provocada.

Roberto Silva
Segundo Roberto Silva, da JW Engenharia, o método a frio requer menos ferramentas específicas e tem um tempo de execução reduzido se comparado a vulcanização a quente. “Em contrapartida, a resistência da emenda proveniente deste procedimento é inferior a que se atinge com a vulcanização a quente”, complementa o especialista, destacando que a JW Engenharia disponibiliza os dois tipos de tecnologia, além do reparo com grampo, que explicaremos mais adiante.
“Mantemos em estoque insumos utilizados em todos os métodos de emenda para reparos em correias transportadoras, com opções nacionais e importadas, além de corpo técnico especializado para orientar o processo de execução dos reparos”, conta Silva.

Preparação para vulcanização a frio – Foto: JN Paraná (site)
Para emendas a frio, a JW Engenharia disponibiliza, além de todos os insumos e ferramentas necessários, manual detalhado com o passo a passo de cada etapa do processo.
Reparo com grampo

Grampo
Apesar de existirem grampos para realização de emendas duráveis e grampos para consertos provisórios, a utilização de grampos tipo farpa é a mais comum nos reparos em correias transportadoras.
Eles são montados através de furação das extremidades da correia a serem unidas, realizando a fixação. A necessidade de furação gera uma linha de fadiga na correia e, por consequência, a vida útil deste reparo é bem baixa, gerando inclusive incompatibilidade com sistemas de limpeza (raspadores).
Reparo com resina
Extremamente rápidos quando comparados aos reparos vulcanizados, este tipo de conserto também oferece boa durabilidade, porém, com um custo mais elevado dos materiais aplicados.
Neste caso, é importante sempre fazer uma boa região de ancoragem (chanfros) ao redor da região a ser consertada e também utilizar solvente apropriado para remoção completa de resíduos e impurezas. Estes compostos, apesar da boa fluidez inicial, possuem secagem rápida, portanto, sua aplicação deve ser imediata.
Aliás, é importante evitar fracionamento para uso, uma vez que pode provocar problemas na homogeneização e catalisação dos compostos.
A LINK, uma tradicional fornecedora nacional de soluções em componentes para sistemas de transportadores de correia destaca uma solução de reparo rápido a frio, o Green Flex, uma resina bi componente que pode ser utilizada para danos superficiais e passantes nas correias transportadoras.
Considerado um produto de cura rápida, resistente e flexível, o Green Flex deve ser aplicado conforme o passo a passo a seguir:
A. Primeiramente, deve-se trabalhar no entorno do rasgo, fazendo um chanfro na correia de 45 graus e o lixamento em sua volta.
B. Em seguida, é hora de aplicar o agente de limpeza para remover todas as impurezas da correia como óleos, graxas e outros.
C. Depois, aplique o Prime que servirá como base para receber a resina.
D. Agora é a vez de misturar o catalisador na resina por 1 a 2 minutos. Despejar a mistura pelo rasgo e com o auxílio da espátula, espalhar o produto de forma homogênea e dando o acabamento.
E. Aguarde por cerca de 40 minutos para a cura total do produto e para poder voltar a operar a correia.
F. Após a cura, se necessário faça o lixamento no entorno do reparo para dar o nivelamento e acabamento final.
Evitando que os danos prejudiquem a sua operação
Agora que já explicamos os principais tipos de reparos em correias transportadoras, chegou a hora de abordar os principais cuidados que as pedreiras devem tomar para evitar que seus equipamentos sofram danos. Afinal, é melhor prevenir do que reparar, né?
Arnaldo Magalhães, Gerente Comercial da Beltmix, lembra que o sistema transportador possui diversos elementos, como rolos de tração, desvio, roletes, cavaletes, raspadores e guias laterais, que devem ser periodicamente observados. Afinal, quando uma máquina quebra, ela não quebra por inteiro.
O que acontece, na verdade, é a quebra de um de seus componentes. “Toda vez que há uma falha no sistema transportador há, também, a interrupção no processo de produção Por isso, é de extrema importância adotar um programa de manutenção preventiva, realizar inspeções e criar uma rotina de verificações nos transportadores, a fim de antecipar as falhas e realizar ajustes antes que um problema mais grave surja”, aconselha.
Álvaro Vinicius Souza, da AVGS, reforça que a manutenção é fator determinante para assegurar a vida útil dos componentes de um transportador de correia e que a inspeção é a linha tênue que separa os transportadores em total degradação daqueles em boa conservação.
“Os rolos cilíndricos ou roletes, por exemplo, são responsáveis por grande parte do atrito ao qual a correia transportadora está exposta durante a operação e, portanto, mantê-los em perfeito estado é essencial para evitar sobrecargas e desgaste prematuro da cobertura inferior da correia. Os mesmos cuidados devem ser tomados para os tambores, que devem estar com os revestimentos em boas condições”, diz.
A correia é sem dúvida o componente mais caro de um transportador e o impacto econômico na troca é bastante significativo. A boa notícia é que a AVGS tem notado que pequenas modificações e cuidados, desde a seleção até a aplicação da correia, podem representar um aumento de até quatro vezes na vida útil deste sobressalente.
Boas práticas de engenharia e manutenção, multiplicadas pela quantidade de transportadores existentes em uma pedreira, podem gerar resultados positivos, como: redução de compra de equipamentos e contratação de mão de obra, queda de intervenções corretivas, maior disponibilidade e produtividade da máquina ,e maior segurança operacional
Álvaro Vinícius Souza, da AVGS
8 dicas fundamentais para o bom funcionamento das correias

Luis Fernando Neri, da LINK
Através da contribuição do especialista em correias da LINK, o Engº Luis Fernando Neri, trazemos aqui oito dicas importantíssimas para o bom funcionamento das correias transportadoras, para garantir uma vida útil maior, a perda indesejável do material transportado e a melhor segurança nas operações de manuseio e transporte de materiais a granel, confira:
- O transportador deve ter toda a estrutura alinhada adequadamente, incluindo cavaletes, rolos e polias;
- Realizar o correto dimensionamento da zona de carga, onde o recebimento do material seja, de preferência, de forma centralizada para evitar o desalinhamento da correia. Além disso, sistemas de vedação laterais eficientes são essenciais;
- A adoção de sistemas de impacto com amortecimento também é fundamental para proteger a correia dos impactos e danos causados pela queda do material transportado;
- Realizar o correto tensionamento da correia através dos esticadores e/ou contrapesos;
- Os raspadores de correia devem ser robustos, eficientes e instalados corretamente. São itens indispensáveis para evitar o retorno de material e que ele agregue nos roletes e revestimentos das polias, causando travamentos e gerando vários prejuízos, além de gastos extras com limpeza das áreas adjacentes ao transportador;
- Os raspadores de retorno, por sua vez, são importantes para proteger o revestimento do tambor de calda e a correia, evitando que materiais indesejáveis se agreguem no revestimento e venha causar danos e desalinhamentos à correia;
- Tambores com revestimentos adequados e de qualidade contribuem para o correto alinhamento, performance e conservação da correia;
- Caso seja necessário a utilização de autoalinhantes, os mesmos devem ser instalados em pontos estratégicos, como após a zona de carga e antes dos tambores de descarga, de desvio e de cauda/retorno.
Boa tarde
Gostaria de saber a máquina para conserto de Correia transportadora a quente cola remendos com lonas?